17/10/2011 - Buraco sobre o Polo Norte
17/10/2011
Uma nova perda na camada de ozônio, agora na região acima do Ártico, mostra como a atividade humana exerce influência direta sobre o clima do planeta
André Julião
A maior bandeira ambiental dos anos 1980
está de volta às manchetes. Mas o buraco na camada de ozônio sobre o
Polo Sul não é mais o problema. Uma nova perda do gás, essencial para
proteger a Terra dos raios ultravioleta, ocorre agora sobre o Ártico, no
polo oposto do planeta. O fenômeno foi detectado pela primeira vez em
1985 e, quatro anos depois, um acordo global proibiu a fabricação de
produtos que causassem danos ao escudo gasoso. Este ano, porém, os
cientistas identificaram um novo buraco, consequência direta dos
poluentes emitidos antes do tratado – conhecido como Protocolo de
Montreal e assinado por 191 países. Desde o ano 2000, as concentrações desses poluentes declinaram na
atmosfera, mas não mudaram muito em relação à época em que o primeiro
buraco na camada de ozônio foi identificado. “A causa principal desse
fenômeno são os elementos químicos emitidos ao longo do século XX”,
afirmou Michelle L. Santee, do Jet Propulsion Laboratory, da Nasa, uma
das autoras do estudo. “Eles têm uma vida longa, podem levar décadas
para desaparecer. Essa nova zona é um lembrete de que as atividades
humanas podem ter um impacto muito significante e, algumas vezes,
consequências não intencionais na atmosfera”, diz a pesquisadora.
SÍMBOLO
Urso-polar vaga pelo que resta de seu hábitat natural no Ártico
Um frio intenso na atmosfera superior do Ártico no último inverno ativou
produtos químicos que estão presentes no ar e danificam a camada de
ozônio, como o clorofluorcarbono (CFC). Eles produziram um buraco de
tamanho sem precedentes na região, pouco menor que as áreas dos Estados
do Amazonas e Pará juntos. O estudo foi publicado na revista
especializada “Nature”.
Embora a perda de ozônio no Norte seja considerada temporária – e bem
inferior à perda que ocorre na Antártica, no Polo Sul – cientistas
descrevem o evento como um exemplo notável de como anomalias repentinas
podem ocorrer, como resultado direto da atividade humana de anos atrás
(conheça outros perigos da perda da camada de ozônio no quadro nesta
página). E isso graças ao CFC encontrado em sprays, motores de geladeira
e isopores, além de outros elementos presentes em pesticidas, por
exemplo.
MONITORAMENTO
Satélite Aura, da Nasa, é essencial para medir a camada de ozônio e os
gases
que a destroem, mas está no fim da sua vida útil e não tem um substituto
programado
Apesar de concordarem a respeito da gravidade do problema, cientistas
que monitoram o Ártico concordam que mais dados são necessários. O
monitoramento é produzidos com balões, observatórios e satélites, mas
estes últimos não são feitos para durar muito tempo. Os instrumentos
presentes na nave Aura, da Nasa – que mede gases e nuvens e foram
essenciais para esse estudo – foram desenvolvidos para durar cinco anos e
já acumulam sete em atividade. “Não há planos imediatos para outros
satélites que nos deem o mesmo tipo de dados”, diz Gloria Manney, outra
autora do estudo. “Uma de nossas preocupações é saber qual será a
capacidade para monitorar não só o ozônio, mas os elementos que o
destroem.” (Fonte:www.istoe.com.br)
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