18/02/2013 - Desperdiçado, lixo é valorizado com matéria-prima do futuro
18/02/2013
No decorrer da vida, uma pessoa joga um monte de coisa fora.
Cada habitante da Alemanha produz em média cerca de meia tonelada de lixo por
ano, quase 1,4 quilos por dia. Os campões, segundo a Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, na sigla em inglês), são os
Estados Unidos, com 730 quilos de lixo por pessoas ao ano.
O que fazer com tanto resíduo? Enquanto houver espaço, ele
irá para aterros sanitários. Entretanto, o lixo prejudica não só a paisagem,
mas também o meio ambiente e a saúde da população. Além disso, muitos recursos
valorosos são perdidos. Especialistas consideram o lixo a matéria-prima do
futuro.
O primeiro passo dessa transformação é a reciclagem. Através
dela, recursos como plástico, vidro e papel são separados e reaproveitados. O
resto do lixo é incinerado, produzindo dessa maneira energia e calor.
Muitos países emergentes e em desenvolvimento já
reconheceram o potencial do reaproveitamento do lixo. Günther Wehenpohl, da
Agência Alemã para Cooperação Internacional (GIZ, na sigla em alemão) trabalha
na Costa Rica em um projeto que visa a melhorar a economia de resíduos. E ele
já observa os primeiros resultados.
Muitos países podem lucrar com o “tesouro” escondido nos
sacos de lixo – “Antigamente garrafas plásticas eram exportadas para a Ásia,
onde seriam reaproveitadas na produção têxtil. Hoje, elas são recicladas aqui
mesmo e viram garrafas novas. Esse processo é muito mais eficiente”, explica
Wehenpohl. A consciência ecológica já existe. Novas leis se encarregam de
estimular o reaproveitamento do material reciclável.
Em outros países, resíduos orgânicos são reaproveitados como
adubo, por exemplo na ilha indonésia de Bali. Os cem habitantes da vila Temesi
resolveram não só o problema do lixo como também o do meio ambiente. As
montanhas de lixo produzem metano, um gás do efeito estufa mais nocivo que o
dióxido de carbono. Wehenpohl lembra que a reciclagem é importante para o clima
e para a produção de recursos.
Segundo especialistas, há um potencial enorme na reciclagem
de aparelhos eletrônicos. Cerca de 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico
são produzidas por ano, conforme dados das Nações Unidas (ONU). Dessa maneira,
muitos metais preciosos, como ouro, prata e cobre, vão parar nos aterros
sanitários, e bilhões de euros são jogados fora.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),
40 celulares possuem a mesma quantidade de ouro que uma tonelada de minério.
Somente na China são desperdiçados por ano quatro toneladas de ouro, seis de
cobre e 28 de prata.
Muitos cientistas pesquisam uma maneira eficiente de
reaproveitar esse tesouro oculto. Stefan Gäth, da Universidade de Gießen,
trabalha em uma pesquisa financiada pelo ministério alemão do Meio Ambiente e
por alguns municípios. Os locais de trabalho de Gäth são três depósitos de lixo
do estado de Hessen e Baden-Württemberg. Ele estima que só no aterro sanitário
da cidade de Reiskirchen, em Hessen, estão enterrados recursos no valor de até
120 milhões de euros.
“Apesar disso, a reciclagem desses recursos ainda não é uma
atividade lucrativa”, diz Gäth. As principais razões são a falta de tecnologia
e, principalmente, o preço das matérias-primas. Mesmo com o alto valor pago
pelo mercado, os custos para recuperar esses metais não são cobertos.
O pesquisador reconhece o potencial do Urban Mining, ou
seja, o garimpo nas montanhas de lixo nas cidades. Entretanto, a população
ainda precisa descobrir o valor dos recursos escondidos nos produtos. “Por
exemplo, as pessoas precisam saber quanto ouro, cobre ou prata possuiu o seu
celular. Assim como já existe para o dióxido, cada matéria-prima deveria ter
uma impressão digital”, explica Gäth.
Nesse contexto, Gäth defende um sistema de depósito de
dinheiro na compra de produtos eletrônicos. Assim, após o uso, esses aparelhos
seriam devolvidos aos fabricantes que poderiam reciclá-los. Wehenpohl pensa da
mesma maneira: “A reciclagem desse materiais deve ser incentivadas.”
Gäth vai mais adiante e sugere um depósito para armazenar aparelhos que não são mais usados. “Assim, quando o preço da matéria-prima subir, valerá a pena reciclá-los.” Entretanto, em alguns casos a reciclagem não é uma atividade lucrativa, diz Wehenpohl. Mas no geral, muitos países podem lucrar “com o tesouro escondido nos sacos de lixo”.
Fonte: Terra / Ambientebrasil.com.br
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