31/08/2011 - Valadares Quer Mais Aproveitamento do Lixo
31/08/2011
O aproveitamento do lixo para
produção de energia elétrica, pela queima de resíduos domiciliares em usinas
que produzem vapor, que, por sua vez, alimenta caldeiras e as turbinas que vão
produzir energia, foi defendido hoje pelo senador Antonio Carlos Valadares,
líder do PSB no Senado. O método proposto pelo senador já é utilizado nos EUA e
em muitos países da Europa há alguns anos.
A utilização do lixo para
produzir energia, de acordo com o senador, traria inúmeras vantagens para o
Brasil: amenizaria o grave problema social dos catadores de lixo; os prejuízos
que são causados à saúde da população, pela emanação descontrolada dos gases
gerados na decomposição dos resíduos; os danos causados ao meio ambiente, pela
infiltração de líquidos no solo, o que contribui para o agravamento do efeito
estufa, entre muitas outras.
Em seu discurso, Valadares
lembrou que o Brasil produz hoje 200 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos,
por dia, que acaba sendo despejado em lixões, sem qualquer aproveitamento
econômico. Segundo dados do IBGE, apenas 33% dos municípios brasileiros possuem
100% de serviços de limpeza e /ou coleta de lixo. O restante desses resíduos é
depositado em lixões a céu aberto.
E, conforme lembrou o senador, há
lixões próximos a zonas aeroportuárias, que causam riscos à segurança dos voos,
pela presença maciça de aves de grande porte, como os urubus, que podem
infiltrar-se nas turbinas dos aviões, causando acidentes, inclusive quedas das
aeronaves.
O senador disse cercar a
questão, a presença de catadores de lixo nas áreas de deposição final, o
que provoca um grave problema social. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico (PNSB), cerca de 25 mil catadores trabalham nos lixões, dos quais 22,3%
têm até 14 anos de idade, sem falar nos catadores que vivem nas ruas das
grandes cidades brasileiras.
Valadares reconheceu que o Brasil
tem sido um país pioneiro na busca de soluções alternativas para a questão
energética, dando como exemplo os biocombustíveis, alvo do interesse
internacional. Mas lembrou que o mesmo potencial se dá em relação ao problema
do lixo, que, no entanto, “tem sido um tormento ambiental e social para as
grandes cidades, fonte de graves e crescentes preocupações para a saúde
pública”.
O senador elogiou as mudanças na
legislação brasileira sobre o tema lixo e as soluções já adotadas pelo Poder
Público, mas asseverou que são ainda insuficientes. A partir de 2014 é que
entrará em pleno vigor a determinação do fim dos lixões, com a criação dos
aterros sanitários. Para Valadares, os aterros sanitários são
importantes, mas insuficientes para resolver o problema, porque não deixam de
ser cloacas, em que o lixo é decomposto, produzindo metano e chorume líquido
tóxico e sem uso, que pode vazar e contaminar o terreno, os lençóis freáticos e
os rios.
Para o parlamentar, há aí um
imenso desperdício, já que o metano produzido pelo lixo pode ter aplicação
rentável na produção de energia elétrica. Na Europa já se processam 130 milhões
de toneladas de lixo, gerando energia térmica em mais de 700 instalações,
produzindo mais de 8.800 megawatts de energia elétrica.
Valadares citou os engenheiros
Adriano Pires e Abel Holtz, ambos do Centro Brasileiro de Infraestrutura,
segundo os quais a produção média de 200 mil toneladas diárias possibilitaria a
produção de energia da ordem de 2.000 megawatts médios dessa fonte, a mesma
produção de uma central nuclear como Angra I.
“Não vejo razão para não
seguirmos os exemplos dos EUA e da Europa, tornando os resíduos sólidos fontes
alternativas de energia limpa e barata, pois temos tecnologia disponível, já
testada e avalizada, com resultados auspiciosos, ao invés de continuarmos
jogando lixo no lixo, tornando-o um drama social e ambiental”, concluiu.
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