30/08/2011 - Chantagem internacional
30/08/2011
O Equador descobre uma fortuna em petróleo debaixo de uma das florestas mais ricas do planeta e faz proposta inusitada à comunidade internacional:se os países ricos pagarem, o oásis seguirá intocado
Larissa VelosoEncontrar
uma reserva de quase um bilhão de barris de petróleo é o sonho de
qualquer nação. Mas, no caso do Equador, um campo descoberto em 2007
veio acompanhado de um grande obstáculo, uma vez que o recurso está
debaixo de uma das florestas mais ricas em biodiversidade do mundo: o
Parque Nacional Yasuní (leia quadro). Entre a decisão de explorar o
campo Ishpingo Tambococha Tiputini (ITT), destruindo um dos últimos
oásis ecológicos intocados pelo homem, ou perder US$ 7,2 bilhões em óleo
cru, o país propõe uma terceira alternativa. E assim, pela primeira vez
na história moderna, uma nação pode deixar de explorar um recurso
natural altamente rentável em benefício da natureza. Mas só se a
comunidade internacional pagar para isso.
Em 1989 o Parque Yasuní foi declarado pela Unesco como Reserva Mundial
de Biosfera, uma região fundamental para a preservação do ecossistema
terrestre. A proposta do Equador é manter a área intacta e ser
recompensado por “abrir mão” da riqueza do petróleo em benefício da
saúde do planeta. O preço dessa ação seria a metade do valor da reserva,
ou US$ 3,6 bilhões, e o compromisso seria reafirmado a cada dois anos
até 2024. Como primeiro passo, o país tenta, até o fim de dezembro,
arrecadar US$ 100 milhões para viabilizar a iniciativa. Todo o recurso
irá para um fundo que será gerido pelo Pnud (Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento).
Lançada em 2009, a proposta ganhou a simpatia de vários países, mas até o
momento ainda faltam US$ 60 milhões. “Foram recebidas várias cartas de
apoio da comunidade internacional, mas poucos deram suporte financeiro. A
iniciativa vai ser lançada novamente no mês que vem na Assembleia das
Nações Unidas e assim esperamos que mais recursos sejam obtidos”,
revela a representante da The Nature Conservancy no Equador, Veronica Arias. Para ela, a proposta é tão inovadora que muitos
países estão esperando que surjam projetos semelhantes para então
empenhar seu dinheiro.
Mesmo assim, ele não perde as esperanças. “De qualquer forma, a exploração do campo de ITT terá que ser aprovada pela Assembleia Nacional. E o órgão pode então convocar uma consulta popular. A população equatoriana ainda não se pronunciou sobre essa questão”, defende. O governo do país tem pouco mais de três meses para arrecadar o restante do dinheiro. Se conseguir, abrirá caminho para que outras nações sejam pagas para não explorar seus recursos. Se falhar, será mais uma prova de que o mundo ainda não está disposto a pagar o preço da sustentabilidade.
(Fonte: ISTO É Independente )
Turistas passeiam em canoa no Parque Nacional Yasuní, um dos últimos biomas intocados pelo homem
Notícias Anteriores
31/08/2011 - Valadares Quer Mais Aproveitamento do Lixo
30/08/2011 - Chantagem internacional
29/08/2011 - Aterro sanitário em Cingapura atrai turistas; espera é de 4 meses
29/08/2011 - Brasil Deve Mudar Postura e Reduzir emissões de CO2, diz Estudo do IPEA
26/08/2011 - Efluentes na nova política Nacional de Resíduos.
25/08/2011 - Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Aponta indícios de um rio Subterrâneo debaixo do Rio Amazonas
09/02/2011 - Zona costeira sul-americana terá projeto conjunto para efeitos climáticos
Página: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24