Joinville tem 31,5% de Cobertura de Rede de Esgoto e está Abaixo da Média Nacional

03/08/2017


Joinville tem 31,5% de Cobertura de Rede de Esgoto e está Abaixo da Média Nacional

03/08/2017

O aposentado Pedro Paulo Moraes, 67 anos, é morador do Morro do Meio, na zona Oeste de Joinville, e sofre com o mau cheiro a cada chuva forte. É quando a boca de lobo em frente à casa e um dos banheiros da residência, são afetados pelo odor do esgoto, que não é coletado e nem tratado. A região não é atendida por coleta e tratamento de esgoto sanitário, que atualmente é de apenas 31,5% na cidade.

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— Isso tem que ser feito o quanto antes em toda a cidade. O saneamento e a educação têm que ser as prioridades, até porque a saúde também ganha com o investimento em saneamento — diz o aposentado.

Ao longo das últimas décadas, Joinville conquistou importantes índices econômicos e de qualidade de vida, mas o saneamento básico não acompanhou na mesma velocidade. Após serem ignoradas por muito tempo, as obras para coleta e tratamento de esgoto avançaram nos últimos anos, mas ainda estão muito longe de ser o ideal para a cidade mais populosa de Santa Catarina. A Companhia Águas de Joinville tem a previsão de aumentar o índice para 70% até 2023.

— Nesses anos, o esgoto foi feito na bacia do Cachoeira. O rio hoje tem peixes, aves e o jacaré porque está voltando à vida. Quando a gente faz a nossa parte, a natureza faz a dela também. Acho que o grande papel da Companhia é olhar para os próximos anos e acelerar muito esse processo de obras de esgoto e de saneamento como um todo — afirma Jalmei Duarte, presidente da Águas de Joinville.

A engenheira sanitarista e professora da Univille, Therezinha Maria Novais de Oliveira, reconhece que houve um avanço no saneamento básico nos últimos anos. No entanto, ela ressalta que 31,5% de cobertura para uma cidade com o porte e a economia de Joinville mostra que existe um descompasso do investimento em relação ao saneamento com o crescimento do município.

— Infelizmente, a gente está se nivelando por baixo. A média brasileira é 35% e pensando em outras cidades do porte de Joinville, com os mesmos recursos, a nossa está abaixo — garante.

Foco é ampliar rede na zona Sul

Jalmei Duarte, presidente da Águas de Joinville, garante que o foco da empresa agora é o avanço pelos bairros da zona Sul, onde duas grandes obras estão sendo realizadas. Uma delas é a construção de uma nova Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no Jarivatuba (foto acima).

Atualmente, a maior estação da cidade fica ao lado da que está sendo construída e trata 490 litros por segundo. Ela foi construída nos anos 80 e funciona com um tratamento biológico que ocorre em 14 lagoas. Hoje, 95% do esgoto coletado é tratado na unidade. Quando a nova estrutura ficar pronta, até o final de 2018, será possível tratar 600 litros por segundo e a antiga será desativada.

A outra obra é a ampliação da rede de esgoto para outros dez bairros da zona Sul da cidade – alguns deles em apenas um pequeno trecho –, o que aumentará em 10% a cobertura em todo o município. O investimento nas duas obras é de R$ 132 milhões, sendo R$ 121 milhões de recursos do Orçamento Geral da União (OGU) e o restante de contrapartida da Companhia.

Para chegar aos 70% de cobertura dentro dos próximos seis anos, a Companhia Águas de Joinville trabalha também com outros projetos de ampliação da rede, que somam um investimento total de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões. Um deles está na parte final do licenciamento ambiental e prevê o avanço em mais 4,5% de cobertura no bairro Boa Vista. O valor da obra é de R$ 35 milhões, mas apenas R$ 12 milhões já foram garantidos.

No bairro Vila Nova, será construída uma estação de tratamento e haverá a instalação da rede, o que dará um incremento de mais 4%. De acordo com a Águas de Joinville, o projeto fica pronto no final do primeiro semestre deste ano. Depois disso será realizada a licitação, a busca por recursos e o licenciamento ambiental. O mesmo acontecerá na região do Jardim Paraíso, onde haverá uma ETE e o avanço da rede. O projeto deve ficar pronto até dezembro. Após a conclusão das obras, haverá o aumento de 2% na cobertura.

A maior obra está prevista para a vertente Leste, abrangendo os bairros Iririú, Jardim Iririú, Comasa e Aventureiro. Será um incremento de 17% de esgoto coletado e tratado. O projeto deve estar pronto até o final do primeiro semestre e está estimado em mais de R$ 200 milhões. Segundo a Companhia, o maior obstáculo será conseguir os recursos e o licenciamento ambiental, por ser uma área muito extensa.

Problemas afetam toda a região

A especialista Therezinha Maria Novais de Oliveira é cuidadosa ao falar sobre a projeção da Companhia Águas de Joinville em aumentar a rede de coleta e tratamento de esgoto para 70% até 2023. Segundo Therezinha, é necessário um esforço muito grande para que a meta seja cumprida, principalmente por se tratar de obras públicas, que precisam de licitações e contratações. Ela diz que vai precisar ter muito investimento, velocidade e profissionalismo.
— Não fizemos 35% em 166 anos e vamos fazer 52% em seis anos? O saneamento precisa ser trabalhado de forma profissionalizada e não pode ser programa de governo. Tem que ser programa de Estado, tem que começar e não parar — defende.

Therezinha ainda aponta que a falta de saneamento básico pode gerar problemas em três frentes: sociais, econômicos e de saúde. Econômicos e sociais porque o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) poderia ser melhor, proporcionando maiores investimentos para a cidade. E problemas de saúde porque o esgoto pode ser uma porta de entrada para doenças, principalmente quando ele sobe pela tubulação em casos de alagamentos.

Além disso, a engenheira sanitarista destaca que a falta de saneamento em Joinville ainda pode ser um problema para toda a região. Segundo ela, o esgoto é descartado na bacia do Cachoeira, na bacia do Cubatão e em outros lugares que vão acabar na Baía da Babitonga (foto acima), onde também há o potencial pesqueiro e da maricultura.

 

Fonte: Miti






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