03/10/2011 - Águas subterrâneas: essenciais para o abastecimento público
03/10/2011
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Principal fonte de água doce disponível no mundo, as águas
subterrâneas são abundantes no Brasil, mas requerem uso racional e
medidas de preservação para continuarem a atender às demandas de
abastecimento no país
As interações ambientais e geológicas que
ocorrem entre solo, rochas e águas subterrâneas afetam diretamente o
ambiente em que vivemos. No que se refere aos recursos hídricos, segundo
a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), a maioria das
pessoas desconhece que a água própria para consumo humano é escassa. O
planeta tem 1 bilhão e 370 milhões de km3 de água. Do total de água
disponível 97,5% é salgada e apenas 2,5% doce. Do total de água doce
disponível 68% encontram-se nas calotas e geleiras, 30% nos aquíferos e
menos de 2% nos rios. Ou seja, 98% do total de água doce disponível é
subterrânea. De acordo com a ABAS, somente 28 litros em cada 1 milhão de
litros de água do planeta correspondem à água doce, o equivalente a 2,5
litros em uma piscina olímpica. Desse total, apenas 0,1 litro (pouco
mais que um cafezinho) está disponível para consumo imediato nas águas
superficiais de rios, lagos, represas e açudes. No entanto, 6,17 litros
(ou 17 latinhas de refrigerante) estão disponíveis sob o solo: são as
águas subterrâneas.
“Na verdade, fontes alternativas de
abastecimento são as águas superficiais”, enfatiza Everton de Oliveira,
presidente do II Congresso de Meio Ambiente Subterrâneo (II CIMAS) que
acontecerá de 4 a 6 de outubro, em São Paulo (SP). (Veja abaixo). Ele
explica que “no Estado de São Paulo, 75% dos municípios são total ou
parcialmente abastecidos por águas subterrâneas, atendendo a uma
população de mais de 5,5 milhões de habitantes, sendo que em torno de
50% dos municípios são abastecidos exclusivamente por águas
subterrâneas”. Segundo ele, na maioria das cidades, no país e no mundo, o
abastecimento público usa das águas subterrâneas. Para se ter uma
ideia, a estimativa é que cidade de São Paulo tenha cerca de 4 mil poços
abastecendo indústrias, condomínios, shoppings, escolas etc. As cidades
paulistas de Ribeirão Preto, Bauru, Araraquara e São José do Rio Preto
têm o abastecimento urbano baseado nas águas subterrâneas.
REALIDADE
DO ABASTECIMENTO NACIONAL
De acordo com a Gerência de Águas
Subterrâneas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Brasil, 47% dos
municípios são abastecidos exclusivamente por mananciais superficiais,
enquanto 39% das sedes municipais (2.153 municípios) são integralmente
abastecidos por água subterrânea e outros 14% são abastecidos tanto por
água superficial como por água subterrânea (ANA, 2010). Entre as
capitais estaduais Maceió, Natal e Belém possuem grande parte do
abastecimento por águas subterrâneas.
A vazão média dos cursos
superficiais é de 179.516 m3/s, o equivalente a 5.661 km3/ano (ANA,
2011). Já a reserva renovável estimada dos aquíferos é de 1.530 km3/ano
(ANA, 2011) e a reserva permanente 112.000 km3, considerando uma
profundidade de até 1.000 metros, com um volume de reabastecimento
(recarga) de 3.500 km3 anuais (Aldo Rebouças, 1997).
BRASIL:
ABUNDANTE TAMBÉM EM RECURSOS SUBTERRÂNEOS
Segundo a ANA, cerca
de metade dos 8,5 milhões de Km2 do Brasil são formados por materiais
rochosos que originam excelentes aquíferos, como por exemplo, nas bacias
sedimentares da região amazônica (Bacias do Amazonas, Solimões e Acre);
na Bacia Sedimentar do Paraná – onde se alojam os Sistemas Aquíferos
Guarani e Bauru, por exemplo; na Bacia Sedimentar do Maranhão, onde os
aquíferos Serra Grande e Cabeças são importantes exemplos.
O
número de aquíferos em si depende da escala em que os mesmos são
estudados. Dados preliminares da ANA (2011), indicam que cerca de
duzentos aquíferos possuem importância local e regional elevadas. No
estado de São Paulo, podem ser destacados os Aquíferos porosos Guarani,
Bauru, Taubaté, São Paulo e Tubarão, como importantes, além dos
aquíferos fraturados Serra Geral e dos Terrenos Cristalinos.
A
água no Brasil é um bem público, de dominialidade dos Estados federados
(rios localizados em um único estado e águas subterrâneas) e da União
(lagos e rios que corram mais de um estado ou país, ou sirvam de limites
entre estes). E, por ser o principal fator limitante para o
desenvolvimento econômico, especialmente nos setores agrícola e
industrial, pode tornar-se um bem cobiçado.
II CIMAS –
PARA DEBATER AS ÁGUAS E O MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEOS
Todo este
complexo ambiente estará em discussão, com a presença de especialistas
nacionais e internacionais, no II Congresso Internacional de Meio
Ambiente Subterrâneo. Promovido pela Associação Brasileira de Águas
Subterrâneas, a primeira edição do Congresso, em 2009, reuniu mais de
500 especialistas do Brasil e do Mundo, além de profissionais e
estudantes de 22 dos 27 estados brasileiros. Para Everton Oliveira,
“esta interatividade é fundamental para a valorização e preservação dos
recursos naturais subterrâneos, que afetam o meio ambiente como um todo.
Pois, a gestão adequada para uso e proteção do solo e da água
subterrânea no Brasil precisam ser discutidas e apresentadas para a
sociedade, por isso estamos realizando a segunda edição do evento, que
pretende ser ainda maior”, ressalta Oliveira, que também é secretário
executivo da ABAS, professor do Instituto de Geociências da Universidade
Estadual Paulista (UNESP), campus de Rio Claro (SP) e da Universidade
de Waterloo, no Canadá. Acompanhe a programação completa do evento
acessando o link: http://www.abas.org/cimas/pt/index.php
(Fonte:www.revistatae.com.br)
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