11/11/2011 - O limite está no horizonte

11/11/2011


A biosfera, o nome que a ciência dá à vida, parece algo enorme, que se espalha por toda parte, que nos cerca por cima, por baixo, pelos lados, andando, voando e nadando. Pois toda essa única maravilha se espreme sobre uma camada ínfima do planeta. Quão ínfima? Toda a vida da Terra está contida em 0,5% da massa superficial do planeta. Metade de 1%. O restante é rocha estéril recobrindo o núcleo de ferro incandescente. Imagine uma metrópole do tamanho de São Paulo ou Nova York totalmente deserta, quente demais ou fria demais para manter formas de vida, exceto por um único quarteirão. A vida, ou a biosfera, torna-se uma reserva ainda mais enclausurada e única, quando se sabe que nenhuma forma de vida, mesmo a mais primitiva, jamais foi detectada fora dos limites do planeta Terra. Se toda a biosfera terrestre se mantém em uma parte ínfima do planeta Terra, este, por sua vez, é um grão de areia. Sem contar o Sol, a Terra responde por apenas 1/500 da massa total do sistema solar. Medida em relação ao universo, a Terra é menor que a menor partícula do átomo comparada a seu núcleo. Essa bolhinha azul e frágil que vaga pelo infinito recebe agora seu habitante humano número 7 bilhões, reavivando a imorredoura questão sobre até quando a população mundial poderá crescer sem produzir um colapso nos recursos naturais do planeta. 

A pergunta se impõe porque o crescimento no uso desses recursos forma uma curva estatística impressionante. Em 1976, os 4 bilhões de habitantes que então povoavam o planeta consumiam recursos equivalentes a uma Terra, ou seja, a natureza conseguia repor tudo o que lhe era tirado. Hoje, o consumo de recursos naturais excede em 50% a capacidade de reposição da natureza. A estimativa é que, em 2030, será necessário o equivalente a duas Terras para garantir o padrão de vida da humanidade. Para entender como é possível consumir mais recursos do que a Terra oferece, vale fazer uma analogia com o cheque especial: ele permite gastar mais dinheiro do que se tem no banco, mas depois pagam-se juros escorchantes. No caso do planeta, esses juros incidem em forma de envenenamento dos oceanos e da atmosfera pelo CO2, extinção de espécies, diminuição das reservas de água potável e, num futuro próximo, esgotamento das reservas de petróleo, carvão e gás natural, os principais combustíveis da civilização. 

Segundo cálculos da Global Footprint Network, uma organização internacional que mede o impacto da humanidade na Terra, para voltarmos ao patamar em que o planeta repunha tudo o que tiramos dele seria preciso reduzir o consumo de recursos naturais em 33%. Na prática, isso significaria andar na contramão da história. Mesmo que a maior parte da África continue miserável, a parcela dos 7 bilhões de habitantes da Terra que conquista melhor situação financeira e passa a consumir mais cresce em ritmo acelerado. Apenas na China, 400 milhões de pessoas ascenderam à classe média nos últimos vinte anos. Na Índia, em 1990, mais de 50% da população vivia abaixo da linha de pobreza. Em 2015, serão apenas 20%. Não é possível pedir a esses cidadãos - e também aos brasileiros que formam a nova classe C - que abdiquem dos bens de consumo que implicam devastação de recursos naturais. O impacto do crescimento populacional no aumento do consumo, de certa forma, é amenizado pelo fato de que ele se dá mais intensamente nos países pobres. Hoje, o consumo de um americano equivale ao de 32 cidadãos do Quênia. Caso os 7 bilhões de habitantes do mundo tivessem o mesmo padrão de vida dos americanos e canadenses, o planeta não teria recursos naturais suficientes para atender às necessidades de mais do que 1,7 bilhão de pessoas. 

As perspectivas mais sombrias sobre a sustentabilidade do planeta não levam em conta a extraordinária capacidade de recuperação da natureza - e a do próprio ser humano para superar as adversidades. A Terra já passou por cinco grandes extinções em massa, e a vida sempre voltou com ainda mais força. Disse a VEJA a geógrafa Susanna Hecht, professora de planejamento urbano da Universidade da Califórnia e especialista em desenvolvimento sustentável: "Os recursos da Terra são limitados e temos de tomar cuidado para não acabar com eles, ainda mais porque não existe perspectiva de quando poderemos colonizar outro astro. Só que a natureza tem um enorme poder de se reabilitar e a humanidade dispõe de tempo para usar a tecnologia em favor de um desenvolvimento sustentável".

(Fonte:http://planetasustentavel.abril.com.br)







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